A novela "Cheias de Charme" é uma unanimidade: todos parecem gostar dela, que vem conquistando elogios do público, da crítica e o que é melhor, altos índices de audiência. Os telespectadores foram conquistados pela história simples, romântica, leve e muito divertida, com um grande elenco e um texto inspirado dos autores Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, que assinam sua primeira novela-solo.
Há um ditado que diz que duas cabeças pensam melhor que uma e isso parece ser verdade ao menos no que diz respeito às novelas. Se prestarmos atenção, veremos que ultimamente quase todas as novelas escritas por dupla de autores estão dando certo. "Cheias de Charme" é a novela da vez.
Os autores de "Cheias de Charme": Izabel de Oliveira e Filipe Miguez.
Em uma época em que muitos dizem que a teledramaturgia anda meio repetitiva e desgastada, emissoras como Globo e Record estão testando novos autores para renovar seu quadro de novelistas e trazer um pouco de frescor e novidade às novelas. As novelas desses novos autores costumam ser na maioria das vezes bem recebida por todos.
É claro que uma novela não precisa ser necessariamente escrita por dois autores principais para ser bem sucedida. Temos excelentes exemplos de autores como João Emanuel Carneiro e Lícia Manzo que escrevem sozinhos (sozinhos é modo de dizer, pois todos contam com colaboradores) e dão conta do recado, sempre com ótimas histórias, mas novelas escritas em parceria entre dois autores principais que criam a sinopse e desenvolvem a história, nunca estiveram tão em alta como agora. Não faltam exemplos de novelas escritas a quatro mãos que fizeram sucesso.
Thelma Guedes e Duca Rachid, consideradas duas grandes autoras da nova geração, escrevem juntas desde que fizeram a segunda versão de "O Profeta" (2006), que foi um grande sucesso. Depois disso as duas escreveram "Cama de Gato" (2009) e "Cordel Encantado" (2011). Ambas as novelas conquistaram o público e "Cordel" é considerada uma das novelas mais inovadoras dos últimos anos, pois ousou ao unir nobreza europeia e cangaceiros do sertão nordestino, em uma história que lembrava um verdadeiro conto de fadas. As duas autoras pretendem continuar escrevendo juntas.
Thelma Guedes e Duca Rachid.
O autor Gilberto Braga formou uma parceria com Ricardo Linhares, com quem escreveu suas duas últimas novelas, "Paraíso Tropical" (2007) e "Insensato Coração" (2011), que dividiram opiniões positivas e negativas do público e da crítica, mas foram novelas ágeis e agradáveis, pelo menos para mim, que gostei de ambas. Ricardo Linhares também já escreveu novelas em parceria com Aguinaldo Silva como "Tieta" (1989) e "A Indomada" (1997), que foram grandes sucessos; E uma das novelas de maior sucesso de todos os tempos, "Vale Tudo" (1988), foi escrita por três autores principais em total sintonia uns com os outros: Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basséres.
Outras parcerias famosas são entre Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira, que escreveram juntos as bem sucedidas minisséries "Um Só Coração" (2004) e "JK" (2006). Maria Adelaide escreveu também com Walter Negrão, na minissérie "A Casa das Sete Mulheres" (2003), um dos mais belos trabalhos já exibidos na televisão.
Ricardo Linhares e Gilberto Braga.
Alcides Nogueira escreveu o remake de "O Astro" (2011) em co-autoria com Geraldo Carneiro. Sua próxima novela para o horário das seis também será escrita em parceria, desta vez com Mário Teixeira. Por falar em novela das seis, a substituta de "Amor Eterno Amor", com o título provisório de "Lado a Lado" é outra que será escrita por dois autores, João Ximenes Braga e Cláudia Lage, que assim como os autores de "Cheias de Charme", farão suas estreias como autores titulares.
Como viram, são inúmeros os exemplos de novelas escritas por dois autores que fizeram sucesso e mostraram-se ótimas novelas. Claro que isso não é garantia de sucesso e que novelas assim também podem fracassar se os autores não tiverem entrosamento, mas quando são dois autores com química, afinidade e disposição para contar uma boa história, aumentam as chances de serem produzidas novelas tão boas quanto as citadas aqui. Dois autores com boas ideias tem chance em dobro de fazer uma novela bem feita. Isso evita inclusive que toda a responsabilidade da novela caia em cima de um só autor e os dois juntos tem mais facilidade para encontrar soluções para os problemas.
Quem sai ganhando com tudo isso são os novos autores, que tem mais oportunidades e o público, claro, que tem acesso a melhores novelas. "Cheias de Charme" está aí para comprovar isso.
Se fizermos um balanço, quase todas as últimas novelas que tiveram autores estreantes foram um tremendo sucesso. Cama de Gato e Cordel Encantado são exemplos disso. Ducca Rachid e Thelma Guedes são talentosísssimas e nos encantam com seus trabalhos. Estou muito ansioso para vê-las emplacando um novo projeto. Filipe Miguez e Isabel de Oliveira também me surpeenderam muito com Cheias de Charme. A novela está incrivel e melhora a cada capítulo. João Emanuel Carneiro e Walcyr Carrasco, já mais experientes, também se revelaram ótimos autores na última década. Agora, a autora estreante que mais arrebentou na minha opinião foi Lícia Manzo. O texto de A Vida da Gente foi sem dúvida um dos melhores dos últimos anos. Apesar de um ritmo muito lento, a novela foi incrivelmente maravilhosa. Claro que há algumas exceções como Bosco Brasil que se perdeu completamente em Tempos Modernos, mas mesmo assim ele não deixa de ser um bom roteirista já que o seu último filme, Tempos de Paz, foi uma obra prima. É muito bom que a Globo invista em novos autores. Gilbero Braga, Manoel Carlos e Aguinaldo Silva, por exemplo, não estão com todo o pique como nos anos 80 e 90. É claro que eles são autores divinais, mas depois de dezenas de novelas em seus currículos eles não surpeendem mais com suas histórias. Também não posso deixar de citar Glória Perez, que mesmo com anos de carreira e um vasto currículo, ainda consegue se reiventar a cada obra, escrevendo novelas fenomenais.
ResponderExcluirAssim, uma constante renovação no time de autores globais faz muito bem a teledramaturgia brasileira e a nós