Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador Alcides Nogueira. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Alcides Nogueira. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

DE TUDO UM POUCO OU TUDO JUNTO E MISTURADO

Há muitas coisas que gostaria de comentar com vocês e como não dá para fazer um post de cada uma delas, resolvi juntar tudo num só post. De tudo um pouco, ou tudo junto e misturado, como preferirem.

DUAS PERGUNTAS PARA CARLOS LOMBARDI NO TWITTER


Segunda, 29 de outubro, fiz duas perguntas ao autor Carlos Lombardi pelo Twitter sobre a primeira novela dele na Record, que deve estrear ano que vem. Lombardi é um grande autor, responsável por novelas de grande sucesso na Globo. Agora que ele está na Record, estamos todos curiosos sobre sua próxima história, horário de exibição, data de estreia, etc.

Confira as duas perguntas e as respostas dele:

LEANDRO BRASIL @LombardiCarlos - Já sabe quando estreia sua novela na Record?

CARLOS LOMBARDI @brasilleandro - Provavelmente a novela estreia no final do primeiro semestre do ano que vem - ainda sem data fechada.

LEANDRO BRASIL @LombardiCarlos - A sinopse da novela já está pronta? O horário de exibição já foi definido?

CARLOS LOMBARDI @brasilleandro - A princípio a novela deve vir às 22 e 30.  Estou desenvolvendo a sinopse.

Sei que parece bobagem reproduzir aqui duas perguntinhas feitas pelo Twitter, mas achei que os admiradores do autor gostariam de ver o que ele mesmo diz sobre sua novela. Enquanto não consigo uma entrevista completa com ele, isso é o que temos!

PARABÉNS, TIDE!


No domingo, 28 de outubro, Alcides Nogueira fez aniversário. Mandei um email para ele lhe parabenizando e desejando muita saúde e sucesso. Ele, educado como sempre, me respondeu direto de Paris, onde está curtindo merecidas férias e aproveitou para me parabenizar também pelo meu aniversário, no dia 17 de outubro. Alcides é um autor muito querido por todos nós blogueiros e sempre contribui com nossos blogs. Eu o admiro muito e adoro suas novelas. Aproveito para recomendar mais uma vez a entrevista que ele deu para o "Super TV e Mais!". Clique aqui e aqui para ler ou reler as duas partes da entrevista. Vale a pena! Estou torcendo para que "O Astro" ganhe o Emmy de melhor novela. Um prêmio super merecido, um reconhecimento ao trabalho do querido Alcides e um grande presente de aniversário, é ou não é? Parabéns, Tide!

REGINA DOURADO: O BRASIL PERDE UMA GRANDE ATRIZ


Semana passada o Brasil perdeu uma grande atriz: Regina Dourado. A atriz baiana tinha um talento ímpar para interpretar os mais diferentes tipos de personagens. Ao longo de seus mais de 30 anos de carreira na TV, ela emocionou e divertiu em muitas novelas e minisséries de sucesso como "Pai Herói" (1979), "Lampião e Maria Bonita" (1982), "Pão Pão Beijo Beijo" (1983), "Tropicaliente" (1994), "Explode Coração" (1995) e "América" (2005). Na Record, a atriz participou das novelas "Bicho do Mato" (2006) e "Caminhos do Coração" (2008). Uma das minhas personagens preferidas de Regina é a amarga Dona Alzira, mãe de Nice (Gloria Pires) em "Anjo Mau" (1997). Atualmente a atriz pode ser vista na reprise de "Felicidade" (1991) no Canal Viva. Regina deixa muitas saudades e será sempre lembrada por seus inesquecíveis trabalhos na TV.

AS BRUXAS DE ETERNA MAGIA


Ontem, dia de Halloween, lembrei muito de "Eterna Magia" (2006), primeira novela-solo de Elisabeth Jhin. Exibida no horário das seis, "Eterna Magia" não fez muito sucesso e foi bastante criticada por mostrar bruxas e feitiços, algo que muitos acharam meio "pesado" para o horário. Apesar de todas as críticas e de algumas falhas (como o ritmo muito lento), gostei da novela. Era muito melhor que "Amor Eterno Amor", da mesma autora (na minha opinião). A melhor lembrança de "Eterna Magia" é o ótimo elenco, cheio de grandes atores. O trio de protagonistas Eva (Malu Mader), Nina (Maria Flor) e Conrado (Thiago Lacerda), esteve perfeito nessa novela.


"Eterna magia" era cheia de personagens femininas fortes. Os grandes destaques foram entre outros: a excelente atuação de Irene Ravache como a amargurada Loreta, que vai se transformando numa pessoa melhor ao longo da novela; Cássia Kiss no papel da malvada bruxa Zilda, que atrapalhou a vida de muita gente; e Eliane Giardini como a doce Pérola, uma bruxa do bem. Acho que "Eterna Magia" teria chances de despertar o interesse do público se fosse reprisada. Vale lembrar que várias novelas que não foram consideradas grandes sucessos, se destacaram bastante quando passaram no "Vale a Pena Ver de Novo", como "Era Uma Vez" (1998), "Força de Um Desejo" (1999) e "Coração de Estudante" (2002).  Quem sabe o público visse as bruxas de "Eterna Magia" com outros olhos numa eventual reprise da novela?

NOVAS SÉRIES NA ÁREA


Nesta quinta, 01 de novembro, estreiam duas novas séries na Globo: "Como Aproveitar o Fim do Mundo" e "Suburbia"


Estou bastante entusiasmado com as chamadas das séries, principalmente "Como Aproveitar o Fim do Mundo". Já deu para perceber que Alinne Moraes e Danton Melo formarão um casal muito engraçado. Só o fato de ter Alinne Moraes no elenco, já é um motivo para ver a série, pois além de linda, ela é uma excelente atriz. "Suburbia" também parece ser bem interessante. Gostei muito do nome. Achei inovador e criativo. A série conta com muitos atores novatos que já chamam a atenção só pelas chamadas. 

Acho que serão duas ótimas séries, mas para saber, só mesmo assistindo. "Como Aproveitar o Fim do Mundo" vai ao ar depois de "A Grande Família". "Suburbia" entra em seguida.



REVENGE: EXCELENTE SÉRIE


Desde o início do ano ouço falar dessa série "Revenge", que já está em sua segunda temporada. Seja pela qualidade da série, pelo jeito de novela ou pelo fato de "Avenida Brasil" ter algumas semelhanças com ela, "Revenge" está na boca do povo e é a série do momento. Sempre tive vontade de assistir e depois da indicação das autoras Gloria Perez e Renata Dias Gomes pelo Twitter, resolvi começar a acompanhar "Revenge" pra valer. Já assisti alguns episódios da primeira temporada e ESTOU ADORANDO! A série merece o sucesso e a fama que tem, pois é uma excelente história e tem um ótimo elenco.

Muitos dizem que "Avenida Brasil" baseou-se um pouco na série. Não sei se João Emanuel Carneiro usou "Revenge" como ponto de partida para criar a história de "Avenida Brasil", mas o fato é que a vingança de Nina (Débora Falabella) contra Carminha (Adriana Esteves) tem sim algumas semelhanças com a vingança da protagonista Emily Thorne (Emily Vancamp) contra Victoria Grayson (Madeleine Stowe) em "Revenge". Qualquer um que assistir "Revenge" vai perceber isso. 
Mas é claro que as semelhanças com "Revenge" em nada diminui a qualidade de "Avenida Brasil", pois as diferenças entre a série e a novela também são muitas e as duas são muito boas.  Para quem ainda não conhece "Revenge", recomendo muito, pois a série é excelente, daquelas que nos deixam viciados. Os fãs de novelas vão adorar, pois a série realmente tem cara de novela, ou melhor, novelão! Depois faço um post só sobre "Revenge". Excelente série!

É isso!


segunda-feira, 30 de abril de 2012

ENTREVISTA: ALCIDES NOGUEIRA - 2ª PARTE (FINAL)


Hoje dou continuidade ao bate-papo com o grande autor Alcides Nogueira. Nessa segunda e última parte da entrevista, ele fala sobre sua última novela, "O Astro", elege seus trabalhos preferidos e também conta um pouco de seus próximos projetos na televisão e no teatro. Espero que gostem e quero aproveitar para agradecer ao Alcides pela  gentileza de me dar essa entrevista. Ele foi muito simpático desde o início e aceitou na hora responder a todas as perguntas. Adorei fazer a entrevista e espero que todos os telemaníacos tenham gostado. Muito obrigado, Alcides! Desejo muito sucesso para você nos seus próximos trabalhos!

 Leiam a última parte da entrevista:

SUPER TV E MAIS! - Como você se sentiu ao receber o convite para escrever a nova versão de "O Astro", um clássico de Janete Clair, que inaugurou o horário das 23 horas?

ALCIDES -  Foi um presente que o Roberto Talma deu ao Geraldo Carneiro e a mim. Sempre quis trabalhar com Talma, que é uma das pessoas que fazem a diferença em nossa televisão. Já tinha sido parceiro de Geraldo (foto à esquerda), quando fizemos, com Maria Adelaide Amaral, o "JK". Geraldo e eu trafegamos por universos muito parecidos. Fora ser uma pessoa maravilhosa. É um privilégio estar com ele. Nós dois contamos com a colaboração preciosa de Tarcísio Lara Puiati e Vitor Oliveira (foto à direita), dois jovens autores de muito talento. A direção-geral foi do Mauro Mendonça Filho, com quem já tinha trabalhado em "Força de um Desejo". Estava tudo em família. Fora o elenco, de primeiríssima qualidade. Nem vou citar nomes, com medo de omissões, o que seria muito desagradável. Mas foi um dream-team! E o mais importante: nós estávamos fazendo uma nova leitura de uma das mais emblemáticas novelas de Janete. Foi um desafio... mas instigante. E eu gosto disso!


SUPER TV E MAIS! - Foi difícil resumir os 185 capítulos da novela original a apenas 64, ou isso acabou ajudando, já que deu uma agilidade maior à novela? Você precisou fazer muitas mudanças na história?

ALCIDES - Nada é fácil na teledramaturgia. A Globo, desde o início, deu toda a liberdade para que Geraldo e eu mexêssemos na história. E nós mexemos pra valer! Conservamos os pilares da história da Janete e modificamos personagens e tramas, para que a história não ficasse anacrônica. E, sem dúvida, os 64 capítulos ajudaram - muito - a agilizar a trama, eliminando as gorduras. Fiquei muito feliz quando Daniel Filho, nosso Salomão, e que foi o diretor da versão original, afirmou que gostava muito da nova leitura. Um aval valioso! 

SUPER TV E MAIS! - Você gostou de escrever para o horário das 11? Acha que esse horário veio para ficar?

ALCIDES - Gostei muito. O autor se sente muito mais livre para abordar temas polêmicos... e até para criar os diálogos. Espero que o horário tenha vindo para ficar. Todo mundo ganha com isso: autores, espectadores, elenco... Há mais espaço para a experimentação, para interpretações densas... Enfim, é o resgate de uma teledramaturgia mais ousada (no bom sentido).

Francisco Cuoco e Rodrigo Lombardi: os dois Herculanos Quintanilha.


SUPER TV E MAIS! - Elisabeth Savalla, que fez a Lili na primeira versão de "O Astro", disse em uma entrevista que acha o horário das 23 horas muito tarde para uma novela, pois várias pessoas que trabalham precisam dormir mais cedo e não podem assistir. Eu mesmo, que acompanhei "O Astro" do começo ao fim, confesso que foi difícil assistir a alguns capítulos por começarem muito tarde, principalmente os das quartas-feiras, que iam ao ar perto de meia-noite por causa do futebol. Você acha que a repercussão da novela teria sido ainda maior se ela tivesse sido exibida mais cedo, por exemplo depois da novela das nove?

ALCIDES - Sem dúvida alguma, o horário, nesse ponto, não é muito confortável. Ouvi muitos comentários como o da Savala e o seu. Mas a que horas entraria esse novo produto teledramatúrgico? Depois da novela das 21 não seria muito bom, pois haveria uma verdadeira overdose novelística (rsrsrs). O problema é mais simples: se a novela das 23 entrasse REALMENTE às 23, a situação seria outra. O problema é que, cada dia, entra em um horário... Principalmente quando há futebol. Ainda bem que não pegamos o BBB (como aconteceu com "Um Só Coração" e "JK"... Aí é triste). Futebol segura audiência, mas reality show é mais complicado. Eu nem assisto. Não gosto. 

Elisabeth Savalla, a Lili de 1977, e Alinne Moraes, a Lili de 2011.

SUPER TV E MAIS! - Todo autor quer que seu trabalho faça sucesso. Você se preocupa muito com o IBOPE? É do tipo que faz muitas mudanças nas histórias de acordo com a audiência?

ALCIDES - Sem dúvida todo autor quer que seu trabalho faça sucesso, seja reconhecido, comentado, tenha uma grande audiência... Eu me preocupo, sim, com audiência. Mas hoje essa questão tem de ser pensada de outra maneira. A medição não pode ser mais a tradicional. Outras mídias surgiram ocupando muito espaço, e há a internet. Eu gosto de ver minhas novelas em tempo real, como espectador. Mas, às vezes, não dá. É preciso terminar um capítulo, resolver uma situação... Então, gravo, ou vejo na internet. Com quantas pessoas isso não acontece? Principalmente em horários como o das 18 (está cada vez mais difícil chegar em casa nessa hora, por causa do trânsito caótico) ou o das 23 (por ser tardio). Então, os institutos precisam buscar outros parâmetros de mediação. Fora isso, o país mudou muito. Houve uma grande inclusão social (ainda bem!). Se, por um lado, tudo isso é claro na minha cabeça, por outro eu fico meio sem saber que tipo de mudança deve ser feita. Voltando ao início da pergunta: se quero o sucesso, preciso que o espectador se interesse pela trama. Como? Não é fácil, não.

SUPER TV E MAIS! -  De todos os seus trabalhos na televisão, você consegue escolher um preferido?

ALCIDES - Aqui entra a velha história de que todos os filhos são amados. Mas gosto, particularmente, de "Força de um Desejo", "Ciranda de Pedra" e "Um Só Coração". Pode parecer estranho eu não citar "O Astro". É que ainda não houve tempo para a depuração. Mas, com certeza, entrará para os meus trabalhos preferidos.

SUPER TV E MAIS! - Com quais atores e atrizes você tem vontade de trabalhar em alguma novela e ainda não teve a chance?

ALCIDES - Trabalhei com atrizes e atores maravilhosos, alguns nem tão conhecidos do grande público! Sou um autor privilegiado. Eu gostaria, isso sim, de repetir algumas parcerias. Não vou citar nomes, pois posso cometer alguma omissão, e seria leviano e deselegante.

SUPER TV E MAIS! - Você vê muita televisão? O que mais gosta de assistir? E o que te faz passar longe da TV?

ALCIDES - Assisto a poucos programas. Sempre foi assim. Mas vejo, sempre que posso, as telenovelas que estão no ar. É importante um autor estar por dentro do que acontece na teledramaturgia. Vejo algumas séries e minisséries e telejornais. Gosto muito das séries americanas (nem todas, mas fiquei viciado em "Mad Men", por exemplo). Eu fujo de programas sensacionalistas, de alguns talk-shows de quinta categoria e de programas religiosos. E dos realities. Eu era um espectador fiel da TV Cultura de São Paulo. Infelizmente ela foi sucateada pelo governo do estado e se tornou um ninho tucano. Deixei de ver.

Alcides é viciado na série "Mad Men".


SUPER TV E MAIS! Antes de "O Astro", você apresentou a sinopse de uma novela para o horário das 18 horas. Essa novela será produzida? Se sim, quando poderemos assisti-la?

ALCIDES - Quando surgiu o convite para "O Astro", a sinopse foi para segundo plano. É uma história minha e do Mario Teixeira. Está sendo remodelada, porque muita coisa que tínhamos em mente já surgiu em outras produções (a TV é muito ágil). Espero que venha a ser produzida. O Mario é um grande parceiro e um autor maravilhoso! Se aprovada, provavelmente só irá para o ar em 2013.

SUPER TV E MAIS! - Enquanto você não volta a televisão, há algum novo projeto no teatro?

ALCIDES -  Eu não fico parado. Além da sinopse com o Mario Teixeira, penso em uma outra, para minissérie... e também em apresentar um projeto para o horário das 23 (afinal, sou um dos pais dele, rsrsrsrs). Quanto ao teatro, ando meio de mal com a cena brasileira. Há muita gente boa surgindo. Novos autores, atores/atrizes, diretores... Mas o teatro, em si, continua sendo o primo pobre da cultura brasileira. Essa política de viver com o pires na mão deprime qualquer um. Mesmo assim, o palco me fascina, me chama, e, mesmo me massacrando, é o meu lugar no mundo. Há mais de vinte anos venho gestando uma peça. Talvez saia da cabeça e seja encenada... A ver!

Ana Paula Arósio em "Um Só Coração", um dos trabalhos preferidos de Alcides Nogueira.

SUPER TV E MAIS! - Para terminar, te agradeço muito pela entrevista! Deixe sua mensagem para os leitores do blog!

ALCIDES - Eu é que agradeço. Fiquei muito feliz com essa "conversa", que me provocou tantas lembranças... É sempre muito bom falar de nosso ofício, principalmente quando as perguntas são inteligentes e sensíveis. Seu blog cumpre um papel importantíssimo. A mídia impressa perdeu muito da sua importância. Muito melhor dialogar com blogueiros... pois os internautas estão sempre antenados. Espero ter contribuído, mesmo modestamente, para que a teledramaturgia continue sempre viva e interessante. Beijos!



segunda-feira, 23 de abril de 2012

ENTREVISTA: ALCIDES NOGUEIRA - 1ª PARTE


Hoje o entrevistado do blog é o autor Alcides Nogueira. Paulista da cidade de Botucatu, Alcides é formado em direito, mas seguiu a carreira de dramaturgo. É autor de muitas peças, entre elas, "Feliz Ano Velho", adaptada do livro de Marcelo Rubens Paiva, que foi seu maior sucesso. Na televisão, Alcides começou escrevendo episódios de  programas como "Caso Verdade" (1983) e "Joana" (1984). Em 1985 foi colaborador de Walther Negrão em "Livre Para Voar" e no logo depois escreveu sua primeira novela, "De Quina Pra Lua", a partir de um argumento de Benedito Ruy Barbosa. Depois disso não parou mais e  escreveu as novelas "O Amor Está No Ar" (1997), "Ciranda de Pedra" (2008) e "O Astro" (2011), como autor principal. Também realizou muitas parcerias com outros autores, como Sílvio de Abreu ("Rainha da Sucata", "A Próxima Vítima"), Lauro César Muniz ("O Salvador Da Pátria"), Gilberto Braga ("Força De Um Desejo") e Maria Adelaide Amaral ("Um Só Coração" e "JK"). Alcides Nogueira é generoso como ser humano e como autor. Ele é muito admirado  pela gentileza com que trata a todos e eu sou um dos seus muitos admiradores. Nessa primeira parte da entrevista concedida gentilmente para o "Super TV e Mais", ele fala sobre sua paixão pelo teatro e televisão, de suas primeiras novelas e parcerias com outros autores, entre outras coisas. Confira:

SUPER TV E MAIS! -  Você começou sua carreira no teatro escrevendo peças de muito sucesso, como "Lua de Cetim" (1981) e "Feliz Ano Velho" (1983). Quais as principais diferenças de escrever para o teatro e para a televisão? Você tem preferência por um dos gêneros?

ALCIDES - São dois veículos muito distintos, mas gosto de ambos. O teatro é uma celebração. Cada apresentação é única. A novela não acontece em tempo real. É gravada. Mas alcança um número infinitamente maior de pessoas do que o teatro. Mas, de uma forma ou de outra, ambos se complementam. Ao menos no meu caso, isso aconteceu. A televisão deixou o meu teatro mais ágil... e o teatro me deu elementos para buscar uma teledramaturgia mais densa, mais estofada.

Denise Del Vecchio e Elias Andreato em "Lua de Cetim".

SUPER TV E MAIS! - Sua primeira novela, "De Quina Pra Lua" (1985) foi escrita a partir de um argumento de Benedito Ruy Barbosa. Li em alguns sites que você  disse que ainda não se sentia totalmente preparado para escrever uma novela e que não ficou satisfeito com o resultado dela. Por que você acha que ainda não estava preparado? Você se arrepende de ter feito a novela?

ALCIDES - Não, não me arrependo de ter escrito "De Quina Pra Lua". Mas não a considero minha primeira novela solo. Da novela, a melhor lembrança é o elenco. Tenho por todos que participaram da novela um carinho muito grande. Realmente eu não me sentia preparado. Ainda precisava de mais tempo como colaborador (que é a grande escola). Ou, talvez, se o argumento fosse meu e eu pudesse "inventar" a história à minha maneira... Não sei exatamente. Mas foi um exercício. Foi um momento que fez parte do meu aprendizado. Como disse um dia à Beth Savala (que fazia a Mariazinha) nós nos divertimos muito. 

SUPER TV E MAIS! - Sua novela "O Amor Está no Ar" apesar de não ter sido bem sucedida em audiência, é muito lembrada por abordar vida em outros planetas. Como surgiu a ideia de mostrar extra-terrestres na novela?

ALCIDES - Eu gosto muito de "O Amor Está no Ar" e a considero uma novela subestimada. Talvez ela tenha sido ousada na época. Não por tratar de ETs, mas por abordar o romance entre o a mãe (Betty Lago) e o namorado (Rodrigo Santoro) da filha desaparecida. O ET não era para ser mostrado. Era uma insinuação. Deveria ficar no ar se realmente Luiza (Natália Lage) tinha sido abduzida ou não... e se João (Eriberto Leão) era um alienígena ou um ser humano como todos nós.  Mas havia outras tramas muito interessantes: o núcleo judaico, o núcleo circense... Enfim, a novela tinha boas histórias, além de uma trama central forte. A questão da audiência é sempre uma incógnita. Já se passaram quinze anos da estreia, e vejo que muitos blogs se interessam pela novela. Fico feliz com isso.  

Natália Lage e Eriberto Leão em "O Amor Está No Ar".

SUPER TV E MAIS! -  Você já realizou parcerias em novelas e minisséries com autores como Gilberto Braga, Maria Adelaide Amaral e Silvio de Abreu. Quando se trata de dois autores de estilos diferentes, é difícil adequar o estilo de um ao do outro para dar um tom mais homogêneo ao trabalho?

ALCIDES -  As parcerias só dão certo quando os autores possuem uma afinidade bem grande entre si. Tive sorte. Sempre existiu uma sintonia muito fina entre mim e eles (principalmente os que você citou, e também com Lauro Cesar Muniz), o que acaba com o problema de "estilos diferentes".

SUPER TV E MAIS! - Quais as vantagens e desvantagens de trabalhar em co-autoria? Já aconteceu de você e outro autor discordarem a respeito de alguma coisa?

ALCIDES - Hoje é impensável trabalhar SEM co-autoria. A novela se tornou um produto complexo. Não se trata somente da escrita, mas da administração de uma estrutura muito grande. Isso "rouba" um tempo que deveria ser dedicado à criação. Com uma boa equipe, azeitada, com co-autores e colaboradores afinados entre si, isso fica mais fácil e ágil. Até hoje eu não entrei em choque com ninguém, o que tem sido muito bom. Claro que há discussões, pontos de vista diferentes... Mas tudo faz parte desse processo criativo, que exige muito da equipe toda. Os autores têm a pele muito fina, e, quando criam, os poros abrem ainda mais.

SUPER TV E MAIS! -  Você já escreveu vários trabalhos de época e contemporâneos. É verdade que é mais difícil escrever novelas e minisséries de época? Quais as principais dificuldades?

ALCIDES - Eu gosto muito mais de escrever histórias de época, tanto em novelas quanto em minisséries. Acho que remetem o espectador a um clima mais onírico, onde a fantasia impera. E o fato de a ação se passar em determinada época não diminui o enfoque que você pretende dar às tramas. É tudo uma questão de armar as histórias. Por tudo isso, novelas e minisséries de época são mais difíceis de serem escritas. A começar pela pesquisa, que precisa ser rigorosa, para não confundir ou frustrar o espectador.

"Força De Um Desejo" (1999), novela de Alcides Nogueira em parceria com Gilberto Braga.

SUPER TV E MAIS! - "Ciranda de Pedra" é ao lado de "Força de um Desejo", meu trabalho preferido de sua autoria. Adoro o livro e gostei muito da adaptação que você fez, mas li em algumas críticas que a história de "Ciranda de Pedra" é muito forte e densa para o horário das seis da tarde e que talvez a adaptação ficasse melhor em uma minissérie, que é exibida mais tarde, o que permitiria que você abordasse com mais liberdade alguns temas polêmicos que aparecem no romance, como a homossexualidade da personagem Letícia. Você concorda com isso?

ALCIDES -  Concordo. O livro da Lygia Fagundes Telles é visceral. Ela verticaliza os conflitos dos personagens. Procurei ser bastante fiel a esse espírito. Mas, mesmo assim, precisei amenizar muitas situações. O horário das 18 não é o mais apropriado para se tratar de eutanasia, suicídio, doenças mentais, homossexualidade etc... Gosto muito do resultado final, mas tenho certeza de que ele seria melhor e mais contundente se a história tivesse o formato de minissérie, exibida em outro horário (o das 23, por exemplo). Quanto a "Força de um Desejo", Gilberto e eu conseguimos diluir os pontos mais complexos, sem perder a fluidez da narrativa. 

Ana Paula Arósio, Thammy Di calafiori, Ariela Massoti e Ana Sophia Folch  "Ciranda de Pedra" (2008).

SUPER TV E MAIS! - Achei muito bonita a dedicatória que você fez no último capítulo de "Ciranda de Pedra" para a autora do livro, Lygia Fagundes Telles. Você sabe se ela  acompanhou a novela, se aprovou a adaptação?

ALCIDES -  Lygia e eu somos vizinhos e amigos. Já nos conhecíamos. Sempre tive por ela uma admiração imensa, como autora e como pessoa. Conversamos muito quando eu estava montando a sinopse, mostrei a ela onde mexeria - e quais as razões para isso - e Lygia sempre concordou. Fora que ela é noveleira assumida (rsrs). Isso é ótimo! Durante todo o tempo em que "Ciranda de Pedra" esteve no ar, nós trocamos muitas figurinhas. Se há algo que me deixa feliz foi contar com a cumplicidade da grande dama da literatura brasileira.



Termina aqui a primeira parte da entrevista com Alcides Nogueira. Aguardem a segunda parte, semana que vem, onde ele fala entre outros assuntos, de seus próximos projetos na televisão e no teatro.